domingo, 24 de janeiro de 2010

ARGUMENTAÇÃO SOBRE O NACIONAL SOCIALISMO

(texto extraído do site www.inacreditavel.com.br)

Conforme já apresentado aqui em outro episódio, em 1989, por ocasião do aniversário de 100 anos do líder alemão Adolf Hitler, a Rede Bandeirantes de Televisão apresentou um debate sob regência da apresentadora Silvia Popovicc.
O ponto alto desta parte do debate foi quando o Sr. Konder afirmou que o movimento Nacional-Socialista alemão se valeu dos trabalhadores marginalizados como massa de manobra. Exaltou-se ao ser confrontado pelos opositores na mesa, e chegou a afirmar que as “forças da democracia” e a “consciência democrática” são os grandes impeditivos para o ressurgimento daquilo que ele depreciativamente chama de regimes totalitários.
O mais relevante desta afirmação do Sr. Konder é constatar que as tais “forças” da democracia se configuram menos na verdadeira consciência popular do que, de fato, em medidas de força para silenciar a pesquisa revisionista. Trata-se de um eufemismo muito bem empregado para legitimar a coação contra a liberdade de expressão daqueles que ousam propor uma releitura de eventos históricos tão importantes. Interessante notar, ainda, que em outro ponto do debate o Sr. Konder acusou um dos membros da mesa de se valer de atos de “violência e intimidação” em seu ativismo político. Não é preciso conhecer a fundo o tema para apontar esta flagrante incoerência de discurso: ao mesmo tempo em que os defensores da “versão oficial” caçam os revisionistas em todos os cantos do mundo, não têm o menor pudor em vir a público e sustentar um discurso hipócrita. As tais “forças da democracia” parecem não resistir à pesquisa acadêmica de alguns poucos corajosos, libertos das amarras do politicamente correto...

Foi respondido pelo Sr. Zanine, que não titubeou em dizer: “isso é uma mentira dos inimigos do socialismo”, dentro da sua concepção de que se configuraria o Nacional-Socialismo na verdadeira doutrina Socialista, pois sua experiência histórica apresentou a maior revolução já vista na promoção do bem estar social, na elevação e dignificação da pessoa humana e, principalmente, na luta contra as Altas Finanças. E por contrariar interesses de uma conhecida elite que atua nos bastidores do poder, foi o Nacional-Socialismo condenado a uma virulenta campanha de difamação através da propaganda de guerra.
“A prova do pudim está em comê-lo” - talvez o Sr. Konder tenha razão; e parece que uma velha receita torna a inspirar novamente as pessoas em todo o mundo, fartas da decadência da sociedade contemporânea e saudosas de um tempo de glórias...
http://www.youtube.com/watch?v=4BRM97ii_Ko

sábado, 16 de janeiro de 2010

ADHAN




يأتي إلى الصلاة

حان للخلاص

حي على الصلاة ، وتأتي الى الخلاص. الله أكبر. الله هو الله وحده والنبي محمد (ص) هو رسوله. هذه الكلمات هي من حكمة وإلهام لأولئك الذين يتجمعون في المسجد لممارسة شعائرهم الدينية ومصدر إلهام لكسب اتباع التوجيهات من القرآن الكريم ، والذي يبين لنا طريق الفضيلة والممارسة التي لا بد أن تفكيك الهياكل المسؤولة عن معاناة الأكثر فقرا من البرازيليين من السلع الضرورية والمعرفة.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

EDUCAÇÃO


"O ensino ou a aprendizagem não é necessariamente aquele currículo metodológico, e aquelas matérias classificadas nos livros escolares que os jovens são forçados a aprender, durante as horas intermináveis que passam sentados em filas em suas carteiras escolares.
Esse tipo de ensino, agora dominante em todo o mundo, é contra a liberdade humana. A educação obrigatória a que os países do mundo forçam os jovens, sempre que podem, é um dos métodos de suprimir a liberdade. Constitui uma obliteração compulsiva dos talentos do ser humano. É um ato ditatorial, prejudicial à liberdade porque priva o homem da possibilidade de escolher e encontrar livremente o seu talento e o seu campo de criatividade preferido. Obrigar um ser humano a aprender de acordo com um currículo previamente estabelecido é um ato ditatorial tal como impor certos assuntos ao povo é totalmente arbitrário..." (Muamar Khadafi – Presidente da Líbia)

Nacional Socialismo: ainda é possível?

(Texto extraído do site www.inacreditavel.com.br)

Marcelo Franchi: Sr. Norberto, em seu livro você quis mostrar o outro lado da história, o lado de quem perdeu a guerra. O que o levou a transmitir às futuras gerações essa sua particular visão do conflito? Valeu a pena escrever o livro?

Norberto Toedter: Foi bom mencionar futuras gerações, porque o que me levou a começar a fazer anotações sobre aquela minha experiência foi justamente a geração que vem me sucedendo, meus próprios filhos e netos. Eu vinha percebendo que estavam recebendo uma instrução na escola etc que não correspondia em nada a realidade que eu vivi. Então comecei a fazer estas anotações justamente destinadas a esses meus familiares. E dali automaticamente desenvolveu-se um volume maior de informações que passaram a constituir um livro. E aconselhado por amigos eu mesmo editei a primeira edição deste livro e teria ficado muito satisfeito se tivesse conseguido uns 60 leitores, porque não acreditava que pudesse ter muito sucesso. A primeira edição foi vendida e encontrei um editor para a segunda edição e me considero muito satisfeito porque consta ai nos meios editoriais que 90% dos autores não passam da primeira edição e eu já passei.

Marcelo Franchi: Então valeu a pena escrever o livro?

Norberto Toedter: Valeu a pena. Sem dúvida. Essa nossa reunião aqui, hoje, é mais uma prova de que valeu a pena.

Marcelo Franchi: Você pensou em editar uma nova edição do livro no idioma alemão?

Norberto Toedter: Já, já pensei, já fui aconselhado nesse sentido, já me deram endereço de referência, inclusive de editores que assumiriam todas as despesas, só que também não pagariam nenhum royalty. Mas eu não vejo muito sentido, porque esse livro foi escrito especificamente para o público brasileiro. Eu vivo aqui, eu sou brasileiro, eu nasci aqui. Então eu achei que minha tarefa era trabalhar aqui. Porque lá já tem muita gente trabalhando, tem livros que tratam do assunto com muita competência. Então achei que seria supérfluo.

Marcelo Franchi: Qual foi sua participação neste período, antes da declaração de guerra do Brasil contra as potências do eixo? Quais foram as atividades ligadas à ideologia do Nacional-Socialismo, pois havia várias agremiações nacional-socialistas, principalmente no sul do Brasil. Você chegou a participar de alguma delas?

Norberto Toedter: Eu era um menino de 8, 9, 10 anos. Em 1938 foi proibida, antes da guerra , toda atividade cultural e associativa estrangeira no Brasil através da nacionalização decretada por Getúlio Vargas. Inclusive as escolas estrangeiras. Mas antes disso eu fazia parte da Juventude Hitlerista de Curitiba, o DBJ – Deutsch-Brasilianische Jugendring, União da Juventude Teuto-Brasileira. Esses dias até saiu na coluna de nostalgia de um jornal local uma fotografia, nós todos num palco de um clube, uniformizados, com bandeiras, tambores, fanfarras. Então realmente eu fiz parte, era gostoso, era interessante. Em datas nacionais a gente desfilava pela Rua XV, nossa rua principal, e éramos aplaudidos pelo público. Era muito bom. A gente se reunia, tinha sede. Onde nós temos o Hospital das Clínicas aqui, hoje, um belo terreno, era a sede do partido Nacional-Socialista aqui de Curitiba e que agregava também essa Juventude Teuto-Brasileira.

Antonio Caleari: Mas que não participava da política nacional...

Norberto Toedter: Não participava de jeito nenhum da política nacional. Não havia nada que pudesse ser ligado à política nacional. Inclusive porque vivíamos numa época ditatorial aqui no Brasil; não vamos esquecer isso.

Marcelo Franchi: No final de 37, Getúlio Vargas instaurou o Estado Novo e ele fechou todos os partidos políticos, inclusive um movimento semelhante ao Nacional-Socialismo e ao Fascismo italiano, que é o Integralismo...

Norberto Toedter: Integralismo! Eu me lembro bem. Eram os camisas-verdes. Nós tínhamos aquelas camisas marrons e eles marchavam com as camisas verdes. Lembro-me daquele Sigma. Era uma organização, se é que pode-se falar em termos de organização, semelhante a nossa.

Os neo-integralistas atuais fazem questão de se distanciarem de qualquer vínculo com o Nacional-Socialismo, pois estão completamente contaminados pela propaganda de guerra aliada - NR.

Marcelo Franchi: E houve algum contato direto com os camisas-verdes?

Norberto Toedter: Eu sei que a gente se encontrava nesses desfiles.

Marcelo Franchi: Qual era o relacionamento entre vocês?

Norberto Toedter: Não tivemos contato direto. Não me lembro de contato direto. Talvez num nível mais alto. Talvez ali tivesse tido, mas eu não me lembro.

Marcelo Franchi: Havia uma pessoa que foi líder do Integralismo, não do Integralismo (antes de sua extinção), mas de uma organização que o sucedeu. Quando Plínio Salgado voltou do exílio de Portugal, ele fundou o PRP e o líder desse partido aqui em Curitiba foi o sr. Oscar.

Norberto Toedter: Oscar Schrappe Sobrinho. Eu me lembro bem. Descendente de alemães como eu. Ele era diretor-presidente da Impressora Paranaense, uma grande organização, uma editora gráfica. Foi presidente da associação comercial. Ele liderou aqui o movimento resultante do Integralismo..

Marcelo Franchi: Caso a Alemanha não tivesse perdido a guerra, como seria a coexistência entre uma agremiação impregnada pela ideologia nacional-socialista aqui no Brasil e as diversas correntes nacionalistas, como por exemplo, o próprio Integralismo?

Norberto Toedter: Eu acho que não haveria razões para conflito porque, creio eu, havia muita coincidência nos objetivos.

Hoje em dia não se percebe mais essa virtude de união em torno dos objetivos comuns. Mais importante parece ser salientar aquilo que separa, que desagrega... - NR.

(Em breve a entrevista na íntegra)

O COMBUSTÍVEL REVOLUCIONÁRIO DA VENEZUELA

Lula bandeou para o neoliberalismo clássico

No momento histórico em que muitos intelectuais pregam o fim das revoluções, a exemplo do sociólogo americano Francis Fukuyama, como uma consequência natural do esgotamento da produção ideológica que se oponha à já consolidada Democracia Liberal capitalista, desde o fim da Guerra Fria, os fatos contradizem essa afirmação e revelam uma tentativa remodelada de se romper com o legado das revoluções burguesas na Europa e denunciar o regime Democrático como a máscara de um liberalismo político e econômico que têm concentrado no processo histórico a maior parte da renda nas mãos de muito poucos. Essa perpetuação das elites econômicas, além de lhe concentrar nas mãos o poder das decisões, ainda está protegida pela Lei de Herança, que dificulta a ascensão social das classes e a redistribuição da renda. Portanto, ainda há algo a ser ajustado e que tem criado uma certa inquietação nos grupos que compõem as elites dominantes e que pareciam já ter consolidado seus domínios no campo político, econômico e social.

A Herança em si é algo legítimo, pois em tese transfere aos descendentes o fruto da geração anterior. Caso os herdeiros sejam incompetentes, sua riqueza esvaecer-se-á. Para proteger a "riqueza" material, a idéia atual é deixar "o dinheiro trabalhar", porém, esquece-se que alguém terá que suar a camisa para gerar os "rendimentos". Um fator importante para ajustar a distribuição de riquezas é a valorização do trabalho. Ao invés de explorar a massa trabalhadora pela escravização dos juros bancários, o trabalho deveria se tornar a linha-mestra da economia nacional - NR

Comparado ao processo político recente em Honduras, onde recentemente o Presidente eleito democraticamente, Manuel Zelaya, foi deposto por um golpe militar amparado pela Suprema Corte daquele país, o Brasil fez o curso inverso. Enquanto Lula ganhou as últimas duas eleições amparado por um programa e um discurso dignos de um governo que levaria em consideração as demandas populares, e romperia com séculos de protecionismo às minorias compostas pelas elites dominantes desse país, Zelaya foi eleito em uma composição de centro-direita, com um discurso populista e um programa nada diferente dos liberais que sempre nortearam as atitudes na América. Lula, impossibilitado de governar em coerência com seus discursos de programa, deu uma guinada, e bandeou para o neoliberalismo clássico, descartou qualquer programa que lhe pudesse garantir uma ponta de nacionalismo necessário em um país que ainda abriga uma grande parte de sua população em grandes áreas de subdesenvolvimento e carência de alimentos. Rompeu com as bases que o elegeram e entregou-se ao centenário modo de governar brasileiro com uma política conhecida como o "toma lá, dá cá", fazendo concessões e cedendo à pressões de interesses das elites agrárias, banqueiros e empresários, além de alianças inimagináveis que percorrem de Sarney A Fernando Collor de Mello. O Presidente de Honduras fez o caminho inverso. Enfrentando as mesmas dificuldades que Lula, não tendo maioria na Câmara, não rendeu-se aos interesses das minorias dominantes, compostas pelas elites econômicas hondurenhas, grupos internacionais, inclusive setores de segurança dos Estados Unidos e tentou, por via democrática (o plebiscito, também previsto no Art. 14 da Constituição Brasileira), estender seu mandato através de mudança na constituição a fim de que fosse legitimado a possibilidade de concorrer a uma reeleição. Como foi impedido à força pelo Exército Hondurenho e a Suprema Corte de colocar as urnas nas ruas para realização do plebiscito, sob a alegação de ilegalidade, mesmo sendo o povo soberano, Zelaya foi preso e teve que sair do país para não ser preso.

Não só em Honduras, mas mesmo aqui no Brasil alguns alegam que o terceiro mandato para o presidente Lula seria equivalente a um Golpe de Estado. Nada mais hipócrita, pois se isso for a vontade popular, legitimado por um amplo e justo plebiscito, o que seria mais democrático? E para os apressadinhos, não estamos com isso aprovando o governo atual - NR.

Independente das trapalhadas de alguns processos de ruptura com estruturas políticas que criam faixas de exclusão social, e de outros governos que teimam em ceder às chantagens de fortes grupos de interesses, a chama da esperança revolucionária começa a reacender em alguns pontos da América Latina como no Paraguai, de Fernando Lugo e Nicarágua, com a eleição de Daniel Ortega. Certamente, a Venezuela e a Bolívia são os combustíveis mais eficazes dessas chamas que se acendem, principalmente na Venezuela, onde o irreverente Hugo Chavez, criticado pela mídia que trabalha para os interesses das minorias elitistas ocidentais, quando é chamado de "ditador", "inconveniente" e "populista", há mais de 10 anos vem consolidando um bem planejado projeto revolucionário, que caminha com o tempo e as oportunidades sem perder a esperança de ver respondidas as demandas de um povo que sofreu por séculos a exclusão provocada pelos governos anteriores, e que eram representados pelos herdeiros do colonialismo "bárbaro" imposto pelos espanhóis por toda a América Hispânica.

Hugo Chávez possui estilo informal e desajeitado, fora dos padrões diplomáticos internacionais, e assim revela-se um autêntico socialista. Um homem capaz de não renovar a concessão da principal rede de rádio e TV da Venezuela, a RCTV, porque estavam em evidente prestação de serviço daqueles que tentam enfraquecer o processo de recuperação dos estragos provocados por séculos de política eurocêntrica, onde todos os privilégios eram reservados aos brancos europeus, e aos índios era reservada a tarefa de produzir alimentos para fortalecer seus algozes dos bairros nobres. Hugo Chavez foi capaz de alterar dispositivo constitucional que impedia que índios se matriculassem em universidades e, além disso, extiguiu o analfabetismo de crianças em idade de alfabetização em toda extensão territorial.

Com uma economia um tanto limitada, a Venezuela depende quase que exclusivamente do que arrecada com a produção de petróleo através da PDVSA, empresa estatal Venezuelana que Chavez retirou das mãos de um grupo que representava os interesses das elites dominantes, e indicou seus próprios homens de confiança para o gerenciamento da empresa. Os Estados Unidos compram quase 100% da produção de petróleo da Venezuela. Antes do governo Chavez, esse petróleo era vendido pela metade do preço de mercado pelos governos entreguistas. Hugo Chavez endureceu as negociações com os Estados Unidos, que então passaram a engrossar as fileiras daqueles insatisfeitos com a liderança venezuelana, e apoiaram o golpe mal sucedido em 2002, que tentou retirar a força Hugo Chavez do poder. Com o apoio do povo e do exército, 2 dias após ter sido deposto por um grupo formado por elites venezuelanas apoiados pela CIA, o Presidente eleito nas urnas na Venezuela estava de volta ao Palácio Miraflores, sede do governo.

A pressão é grande sobre o processo de revolução venezuelana, primeiro porque todos sabem que Hugo Chavez caminha para um socialismo que tem apoio da grande maioria da população daquele país. Ele já deu demonstrações de intolerância com a abertura inevitável que a Democracia oferece às elites econômicas para investirem seus recursos na destruição de seu projeto que flui da demanda popular. Por isso, executa ações que parecem ditatoriais, porém visam a proteger seu projeto voltado para os interesses da maioria e que não pode ser posto em risco pela insatisfação de um grupo minoritário que visa seus próprios interesses, o que é próprio dos países capitalistas democráticos. A segunda causa das pressões é o temor de que o processo revolucionário colocado em prática e ainda em andamento na Venezuela sirva de exemplo para todos os outros países da América Latina, onde Europa e Estados Unidos travam uma briga velada por uma nova onda de colonialismos.

Mahmud Hassam, jornalista e professor de História-RJ



Referências:

FUKUYAMA, Francis - O Fim da História



Bibliografias:

ANDERSON, Perry -O Fim da História: de Hegel a

MARINGONI, Gilberto - A Revolução Venezuelana

HOBSBAWN, Eric - A Era das Revoluções

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

FRAGMENTOS DA HISTÓRIA DO DIREITO

FRAGMENTOS DA HISTÓRIA DO DIREITO (Mahmud Hassan)

Após debruçar sobre o texto de Marc Bloch, membro da primeira geração da Escola Dos Annales, podemos ainda ser céticos em relação à importância de se estudar a história como uma ciência que captura o homem no tempo e o tira do papel de coadjuvante no processo histórico? Não. Por mais que alguns autores ainda queiram teimar que haja uma força de inércia no tempo que despreza todo passado e inicia uma nova história, isso não seria possível hoje, baseado na convicção de que nossa história possui causas e origens e nelas estão deitados nossos fatos contemporâneos.

Em função dessa afirmativa, também não podemos entender a História do Direito sem a apreender a lógica da argumentação de Bloch. Sendo o objeto do Direito os códigos de leis e estas, teoricamente, construídas a partir dos costumes, como compreender a complexidade do mundo jurídico sem observar a formação dos costumes, hábitos e culturas? Também não podemos desprezar a lógica de Bloch quando muda seu olhar para a historiografia considerada por ele sem importância, onde a única preocupação é a narrativa dos fatos e dados quantitativos que não revelam os aspectos humanos, elementos relevantes para a criticidade inerente ao estudo do homem no tempo. Como entender o Estado de Direito, sem olhar atentamente a formação dos Estados Nacionais no século XVI, onde três elementos são fundamentais: a centralização dos tributos, a criação do exército nacional e a instauração dos códigos de leis. Na criação dos Estados Nacionais a origem foi a tentativa de obtenção de maior controle do poder do Estado Monarca e defender a burguesia nascente na França. E hoje? É diferente? É possível olhar para o estado de Direito sem considerar suas causas e origens? Ele evidencia sua contribuição para um Estado Democrático? A libertação dos escravos na América do Norte e, mesmo no Brasil, encontrava resistências de natureza jurídica. Não havia qualquer consideração moral em relação à degradação de humanos afrodescendentes. Eles eram propriedade dos grandes proprietários de terras, grandes fazendeiros e produtores agrícolas. Sendo propriedade, interessavam-se pelo fato de que a ação abolicionista não indenizaria o capital investido naquela mão de obra de alto valor, e os prejuízos seriam irreparáveis. A terra confere poder aos seus proprietários e a Reforma agrária sempre foi um incômodo para grandes proprietários. A questão da propriedade no Brasil está intimamente ligada à sua formação social e econômica, e ao seu desenvolvimento. Sem observar os costumes construídos através do processo histórico não seria possível distinguir o ato jurisnatural da aplicação fria da lei. Um grupo de policiais ou outro que invade a residência de um indivíduo teria o mesmo peso de uma invasão por policiais a uma empresa transnacional que se recuse a cumprir as normas jurídicas do país onde está instalada.

BRAUDEL E AS ESTRUTURAS

Na segunda geração dos Annales, o geógrafo francês Fernand Braudel debruça-se sobre os estudos do Mediterrâneo. Em primeiro momento parece retornar ao tradicional modo de olhar para a geo-história, ressaltando as maravilhas e benefícios do mar e o relevo dos países que são banhados por esse oceano. Porém, logo revela que sua preocupação maior está em observar o movimento do homem sobre essa espacialidade rica de possibilidades. Captura o homem no tempo e no espaço geográfico e sua relação com o mesmo para tecer seus costumes e o nascimento da cultura através dessa relação.
Braudel também inaugura formas estruturais de entender a geohistória. São oas estruturas de curta duração, média duração e longa duração: curta duração podemos considerar como exemplo as mudanças constantes nos costumes maritais (casamento); média duração, a permanência de lideranças no poder e longa duração as estruturas políticas e sociais. Esse entendimento é importante para a aplicação e elaboração das leis... LER O TEXTO ITEM 3. As tarefas da História do Direito até o fim. Pág 22 – SOBREA HISTÓRIA DO DIREITO: SEUS MÉTODOS E TAREFAS.

A CULTURA E O ISLAM

A CULTURA E O ISLAM (Mahmud Hassan)

Toda religião possui fortes elementos culturais que a vinculam às suas origens. Existe, em todas, um caráter universal que identifica sua mística e lhe confere uma unicidade estando em qualquer região, cultura, características políticas, sociais e econômicas. Porém, existe um outro elemento que não pode ser negado, quando houver um distanciamento entre a cultura original da religião e as diferentes regiões onde ela se estabelece. Esse elemento é a necessidade de uma contextualização da universalidade religiosa aos paradigmas determinados pelas diversas culturas por onde essa religião se espalha.
É óbvio que a cultura, no seu entendimento antropológico, sendo observada como o conjunto de comportamentos resultantes de uma grande diversidade de interações da sociedade, coloca-se como um elemento social forte, e que confere identidade aos grupos humanos, como a língua, hábitos alimentares, vestimentas, interação com o meio ambiente, etc. Ao perceber a importância das culturas diversas espalhadas pela África e Américas é que os europeus conseguiram fincar-se como colonos ao criar um corte cultural nessas regiões ocupadas por seus impérios.
Quero dizer, também, que através do fortalecimento dessa cultura é possível afirmar uma nação que defende seus direitos e comporta-se de forma exemplar quanto aos seus deveres. O verdadeiro conceito de cidadania. A globalização, mundialização ou internacionalismo, como queiram chamar o que temos vivido nas últimas décadas, através do fortalecimento de blocos regionais e um mercado único, tem enfraquecido esse importante valor para que nações mais pobres não se submetam ao grande poder e imposições do capital de nações mais poderosas. O Brasil, cooptado por essa corrente internacional tem exibido valores estatísticos no seu crescimento econômico que o coloca em posição de país emergente e capaz de sentar-se à mesa dos mais ricos para propor negociações. Deixou de priorizar a produção industrial para entrar no mercado financista e mascarar resultados que só os cientistas econômicos conseguem enxergar. Parou de produzir emprego nas fábricas e valorizou as instituições financeiras, e ainda retornou ao velho status de país do plantation, ou agrobusiness, investindo e incentivando grandes propriedades para a produção de grãos e gado destinados ao mercado internacional, enquanto pelo menos 100 crianças morrem todos os meses por desnutrição, e uma criança a cada bimestre fica cega por falta de vitamina A.
Que milagre é esse que os economistas fazem com os números? A resposta está na concentração de renda. Somos o país de maior concentração de renda no mundo: apenas 0,1% da população detém 42% de toda riqueza nacional. Essa é a nossa realidade decorrente da nossa cultura de “dinheiro na cueca”, e uma democracia que é a herança mais podre que a Revolução Francesa e seus ideais iluministas de liberalismo político puderam deixar para a humanidade. Um ideal que tirasse o poder das mãos dos imperadores para centralizar capital nas mãos dos burgueses.
Nessa altura devem estar perguntando: e a religião com isso? Mas eu entro com outra pergunta: e o Islam, impregnado de uma cultura de camelos e desertos que teimam em não sair da vivência religiosa dos muçulmanos fora do Oriente Médio? Sou muçulmano, vivo a universalidade da minha religião, e busco fazê-lo nas suas mais profundas raízes, com honestidade e grande estima pelos meus irmãos, mas também me pergunto: qual a conexão entre os nossos preceitos e pilares com a realidade latinoamericana, especificamente, o Brasil?
O nascimento do Islam no Oriente teve em seu principal homem, o Mensageiro de Allah (SAAS), Muhamad, a inspiração necessária para que a vivência do islamismo estivesse viceralmente vinculada às questões políticas e econômicas daquele processo histórico. Não ficou uma pergunta sem resposta, e todas essas respostas podem ser transportadas a qualquer realidade política, econômica e social respeitando às culturas e identidades de cada nação que acolhe o Islam, os exemplos do Profeta Muhamad (SAAS) e a Nobre Mensagem do Quran.
O califado como solução para a sucessão do Profeta após sua morte foi uma saída encontrada pela assembléia dos crentes, e que possui grande legitimidade. Essa escolha deu origem ao que chamamos hoje de sunitas. Porém, é inegável que essa escolha foi uma solução política, uma vez que o Califa tinha responsabilidades “materiais” (organização social, exército, designação de conselhos para as diversas tarefas de uma nação que se formou com a expansão islâmica no Oriente), mas não recebeu o legado espiritual do Islam. O Califa, uma expressão que significa “liderança”, “lugar tenente”, sempre representou, mesmo antes do Islam, uma liderança política. Abu-Bakr foi o primeiro a usar esse termo para designar a sucessão do Profeta. Depois, os que defendiam a sucessão através de uma linhagem de parentesco também usaram esse termo para nomear Ali, marido da filha do Profeta, Fátima, dando origem ao que depois seriam chamados os “adeptos de Ali” (xiitas). Não é sem razão que os xiitas desenvolveram maior vivência espiritual e sabedoria no campo filosófico do que os sunitas, que foram sempre grandes defensores da nação islâmica. Com certeza, o Islam não sobreviveria sem o caráter guerreiro dos sunitas e sua organização como grandes conquistadores.
Essa divisão trouxe grandes problemas para o Islam, quando, juntos, seriam perfeitos: a religiosidade ao espírito de organização e guerreiros. Sunitas dizem que o terceiro sucessor xiita, Hussein, o segundo neto do Profeta, filho de Ali com Fátima, foi traído pelos próprios xiitas quando foi morto. Por outro lado, a historiografia diz que o segundo sucessor, Hassan, primeiro neto do Profeta, foi morto pelo exército dos omíadas, uma etnia essencialmente sunita; os sunitas dizem que os xiitas estão em desvio por se auto-flagelarem quando recordam a data da morte do neto do Profeta, e por terem traído Hussein, que teve morte abominável numa emboscada. Essa atitude é condenada no Islam, sendo considerada grave pecado e desvio. Essa é uma das fortes razões pela qual os sunitas rejeitam a realidade muçulmana dos xiitas. Mas, a julgar por essa linha de raciocínio, não seria também aceitável a conduta dos sunitas como muçulmanos, quando os sauditas se aliam aos imperialistas americanos e ajudam a financiar milícias dentro do Islam para matarem uns aos outros, no Paquistão, no Afeganistão e, recentemente, mataram em um atentado mais de 10 xiitas, entre eles, três importantes oficiais do Exército Revolucionário. Qual a pior conduta que poria abaixo o credo islâmico? Não há resposta.
A universalidade do Islam está muito além dessas condutas que nos fazem julgadores desviados, pois essa tarefa compete apenas a Allah. Não temos o legado de Allah para julgar a vivência islâmica de nenhum irmão. Nenhum irmão que tenha prestado seu testemunho diante de outros muçulmanos e se afirma como muçulmano pode ser excluído da legião dos virtuosos servos de Allah por outro irmão. Os desígnios de Allah são insondáveis e corresponde à grave pecado tentar antecipar-se ao que só a Allah compete. Somos todos muçulmanos.
E somos muçulmanos também no Brasil, independente de nossas simpatias por lideranças religiosas, estadistas, partidos políticos, etc. Certamente, por razões culturais, teremos sempre nossas diferenças com nossos descendentes do Oriente Médio, cujos antepassados para cá imigraram, e foram acolhidos por nosso povo, assim como nós recebemos as bênçãos expressas na transmissão do Islam em sua universalidade, para vivenciarmos essa religião como brasileiros, resultado de um amálgama de três matrizes étnicas, multicultural e com problemas que fazem agonizar um povo que só conhece a política que privilegia as elites, desde a chegada dos colonizadores, até os dias de hoje. Assim foi construída a pobreza e a necessidade desse povo que tanto precisa das orações e das ações de nossos irmãos muçulmanos, no sentido de mudar o rumo daquilo que tanto sacrifica os mais humildes nesta nação. Cremos no destino, mas a nós foi dado a conhecer “os dois rumos”, a “piedade e a impiedade”, como prova também de que nossas escolhas erradas resvalam e provocam conseqüências na vida de outros, como a ganância, o amor excessivo à riqueza, virar as costas para o cego, não acolher o mendigo empoeirado e não apontar para a injustiça e denunciar o injusto.

Projeto do Governo

Caros amigos,
Não sejamos ingênuos com as reclamações da mídia sobre o projeto feito pelo Governo Lula para votação no Congresso, especialmente no que tange a legitimidade de maior controle do Estado sobre os veículos privados de informação, que estão sempre em defesa dos interesses do capital e manipulando as informações que chegam às massas. Um povo informado com mentiras ou distorções dos fatos não pode formar um senso crítico sólido e capaz de resistir à sórdida manipulação das mentes em favor do stablishment político e econômico. A falsa argumentação constitucional, que levanta a bandeira da liberdade de expressão é um direito individual. Uma vez que a mídia brasileira, amparada pela sua personalidade jurídica apela para esse preceito jurídico, abre espaço para que o Estado Brasileiro seja tomado por assalto por interesses que podem ser contrários aos seus e, consequentemente, contrários aos interesses do povo soberano, aquele para quem o Estado deve governar, mesmo que seja em detrimento dos interesses do capital, se esses contrariarem, do ponto de vista da soberania popular, a demanda do povo nacional. O que está proposto pelo governo Lula não é, em hipótese alguma, um retorno à censura, mas um limite imposto à informação de má qualidade e do desrespeito com as instituições públicas que são os emblemas da nação brasileira. A mídia brasileira se constitui hoje no maior desserviço à educação do país.