quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Nacional Socialismo: ainda é possível?

(Texto extraído do site www.inacreditavel.com.br)

Marcelo Franchi: Sr. Norberto, em seu livro você quis mostrar o outro lado da história, o lado de quem perdeu a guerra. O que o levou a transmitir às futuras gerações essa sua particular visão do conflito? Valeu a pena escrever o livro?

Norberto Toedter: Foi bom mencionar futuras gerações, porque o que me levou a começar a fazer anotações sobre aquela minha experiência foi justamente a geração que vem me sucedendo, meus próprios filhos e netos. Eu vinha percebendo que estavam recebendo uma instrução na escola etc que não correspondia em nada a realidade que eu vivi. Então comecei a fazer estas anotações justamente destinadas a esses meus familiares. E dali automaticamente desenvolveu-se um volume maior de informações que passaram a constituir um livro. E aconselhado por amigos eu mesmo editei a primeira edição deste livro e teria ficado muito satisfeito se tivesse conseguido uns 60 leitores, porque não acreditava que pudesse ter muito sucesso. A primeira edição foi vendida e encontrei um editor para a segunda edição e me considero muito satisfeito porque consta ai nos meios editoriais que 90% dos autores não passam da primeira edição e eu já passei.

Marcelo Franchi: Então valeu a pena escrever o livro?

Norberto Toedter: Valeu a pena. Sem dúvida. Essa nossa reunião aqui, hoje, é mais uma prova de que valeu a pena.

Marcelo Franchi: Você pensou em editar uma nova edição do livro no idioma alemão?

Norberto Toedter: Já, já pensei, já fui aconselhado nesse sentido, já me deram endereço de referência, inclusive de editores que assumiriam todas as despesas, só que também não pagariam nenhum royalty. Mas eu não vejo muito sentido, porque esse livro foi escrito especificamente para o público brasileiro. Eu vivo aqui, eu sou brasileiro, eu nasci aqui. Então eu achei que minha tarefa era trabalhar aqui. Porque lá já tem muita gente trabalhando, tem livros que tratam do assunto com muita competência. Então achei que seria supérfluo.

Marcelo Franchi: Qual foi sua participação neste período, antes da declaração de guerra do Brasil contra as potências do eixo? Quais foram as atividades ligadas à ideologia do Nacional-Socialismo, pois havia várias agremiações nacional-socialistas, principalmente no sul do Brasil. Você chegou a participar de alguma delas?

Norberto Toedter: Eu era um menino de 8, 9, 10 anos. Em 1938 foi proibida, antes da guerra , toda atividade cultural e associativa estrangeira no Brasil através da nacionalização decretada por Getúlio Vargas. Inclusive as escolas estrangeiras. Mas antes disso eu fazia parte da Juventude Hitlerista de Curitiba, o DBJ – Deutsch-Brasilianische Jugendring, União da Juventude Teuto-Brasileira. Esses dias até saiu na coluna de nostalgia de um jornal local uma fotografia, nós todos num palco de um clube, uniformizados, com bandeiras, tambores, fanfarras. Então realmente eu fiz parte, era gostoso, era interessante. Em datas nacionais a gente desfilava pela Rua XV, nossa rua principal, e éramos aplaudidos pelo público. Era muito bom. A gente se reunia, tinha sede. Onde nós temos o Hospital das Clínicas aqui, hoje, um belo terreno, era a sede do partido Nacional-Socialista aqui de Curitiba e que agregava também essa Juventude Teuto-Brasileira.

Antonio Caleari: Mas que não participava da política nacional...

Norberto Toedter: Não participava de jeito nenhum da política nacional. Não havia nada que pudesse ser ligado à política nacional. Inclusive porque vivíamos numa época ditatorial aqui no Brasil; não vamos esquecer isso.

Marcelo Franchi: No final de 37, Getúlio Vargas instaurou o Estado Novo e ele fechou todos os partidos políticos, inclusive um movimento semelhante ao Nacional-Socialismo e ao Fascismo italiano, que é o Integralismo...

Norberto Toedter: Integralismo! Eu me lembro bem. Eram os camisas-verdes. Nós tínhamos aquelas camisas marrons e eles marchavam com as camisas verdes. Lembro-me daquele Sigma. Era uma organização, se é que pode-se falar em termos de organização, semelhante a nossa.

Os neo-integralistas atuais fazem questão de se distanciarem de qualquer vínculo com o Nacional-Socialismo, pois estão completamente contaminados pela propaganda de guerra aliada - NR.

Marcelo Franchi: E houve algum contato direto com os camisas-verdes?

Norberto Toedter: Eu sei que a gente se encontrava nesses desfiles.

Marcelo Franchi: Qual era o relacionamento entre vocês?

Norberto Toedter: Não tivemos contato direto. Não me lembro de contato direto. Talvez num nível mais alto. Talvez ali tivesse tido, mas eu não me lembro.

Marcelo Franchi: Havia uma pessoa que foi líder do Integralismo, não do Integralismo (antes de sua extinção), mas de uma organização que o sucedeu. Quando Plínio Salgado voltou do exílio de Portugal, ele fundou o PRP e o líder desse partido aqui em Curitiba foi o sr. Oscar.

Norberto Toedter: Oscar Schrappe Sobrinho. Eu me lembro bem. Descendente de alemães como eu. Ele era diretor-presidente da Impressora Paranaense, uma grande organização, uma editora gráfica. Foi presidente da associação comercial. Ele liderou aqui o movimento resultante do Integralismo..

Marcelo Franchi: Caso a Alemanha não tivesse perdido a guerra, como seria a coexistência entre uma agremiação impregnada pela ideologia nacional-socialista aqui no Brasil e as diversas correntes nacionalistas, como por exemplo, o próprio Integralismo?

Norberto Toedter: Eu acho que não haveria razões para conflito porque, creio eu, havia muita coincidência nos objetivos.

Hoje em dia não se percebe mais essa virtude de união em torno dos objetivos comuns. Mais importante parece ser salientar aquilo que separa, que desagrega... - NR.

(Em breve a entrevista na íntegra)

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